quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Exilado

Exilado

Sou eu um exilado. Exílio em minha própria vida,
Como na casa que habito; nela habito, na verdade,
Habito apenas um quarto sem qualquer luminosidade,
Um arremedo de ambiente, coisa pouco parecida.

Que exílio atroz esse ao qual fui eu assim condenado,
De caminhar entre o que é meu, meu de direito,
Sem poder tocar; vendo tudo o quanto sendo desfeito,
Por invisíveis amarras ver a mim mesmo amordaçado.

Caminho por entre as coisas entufadas nessa casa cheia,
Caminho por entre as pessoas, qual flutuante esfera,
Como um espectro fantasmagórico de outras eras.

Quem diz que é mais triste o exílio em terra alheia,
Não sabe o quanto é que em seu considerar erra,
O pior de todos os exílios é o exílio na própria terra.


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