segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Juventude

Juventude

Juventude! Mera máscara que fatuamente fulgura,
Até que caia, como num baile que acaba-se findo,
E o tempo, esse irônico bastardo, a ficar-se rindo,
Do traço ridículo que a velhice traz à humana figura.

Juventude! Beijo fugaz que à carne concede a graça,
Ligeira fotografia em meio ao triste filme da vida,
Quando logo pelo mesmo tempo, a carne já ferida,
Sente a sua lâmina aguda que, funda, lhe perpassa.

Eu sei que é passageiro também o seu doce aroma,
Mais cedo do que se pensa, quebra-se a redoma,
E estilhaça-se a imagem da própria juventude.

E dos olhos esvai-se, sem perdão, a sua centelha,
E tudo não é mais que um acúmulo de carne velha,
Com um cheiro ocre e ácido de decrepitude.



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