sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Em que tudo se iguala

Em que tudo se iguala

O corpo é a unidade material a compor um jarro,
A alma,o líquido que o preenche em suas instâncias,
E se o corpo é recipiente uno em todas as substâncias,
Ora, o sangue não é mais puro do que o escarro.

Nem a lágrima, esse sal molhado que nos corre,
Nas faces, filha da alegria ou de um amor esvaído,
É mais nobre do que a saliva, este outro fluido,
Eis que tudo se iguala quando a carne morre.

Os mesmos lábios que beijam, em dois filetes
Sob a ação da gosma dos vermes famintos,
São devorados com avidez no sepulcral banquete.

Por isso que a mais bela idéia, mais sutil ideação,
Não vale mais que o mais vil dos instintos,
Eis que tudo se iguala na última mortal mansão.


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