Adeus minha tia
Pela Morte de uma tia.
Num sonho, eu observava o céu e via um cumulus preto,
Preto e roxo, da cor dos mantos da semana santa.
E olhando-o em detalhes, parecia que era uma janta,
Um jantar macabro comido por um enorme esqueleto.
Fiquei a cismar sobre aquela visagem, daquela caveira,
A devorar carnes e ossos, vísceras, sangue e músculos,
Que pareciam pequenos, pareciam deveras minúsculos,
Diante da circunferência nojenta da sua boca inteira.
Era a morte, concluí. E me perguntava o porque da visão.
Até que o telefone tocou. Que triste confirmação,
Morrera uma tia. E fiquei a cismar naquele sonho preciso.
Morte! Teu consolo serão as carnes da tua refeição impura,
Pois quando te puseres a devorar o corpo baixado na sepultura,
A alma da minha tia já há muito estará entrando no paraíso.
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