Tu, Estátua
A tua boca, a tua boca pétrea, me doía, estátua,
As tuas mãos sem vida, como uma imóvel gueixa,
Um olhar de soslaio, como o de quem me deixa,
A tua silhueta que se tornava cada vez mais fátua.
O relógio maldito que trazias entre os dedos,
Somente marcava o tempo da definitiva separação,
Quisera, estátua, esmagar as tuas duas mãos,
Mas elas esmagaram o meu coração, mais cedo.
O teu olhar, estátua, o teu olhar para o nada,
Era uma seta com a ponta embebida em veneno,
Diante de cuja virulência meu coração era pequeno.
O teu desamor, estátua, a tua face envidraçada,
O teu descarinho, a tua completa falta de afeição,
Tudo isso, estátua, foi minha completa desilusão.
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