Os Restos dos Seus Antigamentes
Passo por essas ruas com casas velhas, paredes encardidas,
Que o tempo confiscou o telhado, levou em penhora o forro,
Nas calçadas velhos agasalhados, casacos, cachecóis, gorros,
E um olhar estrábico característico da lucidez perdida.
Padarias e mercados com azulejos quebrados e sem rejunte,
Máquinas de moer carne enferrujadas, balanças sem ponteiro,
Senhoras que passam os seus dias todos, estes dias inteiros,
A conversar consigo mesmas, sem que ninguém a elas pergunte.
Há, sim, uma estranha beleza em quadro tão triste, bisonho,
Há algo de docemente melancólico nessa definição de abandono,
Como um néctar que deixa eufórico e também tristonho.
Nessas arquiteturas decadentes, nessas tristes velhas gentes,
Vivendo como que se mergulhados em um inebriante sono,
Vivendo dos restos dos seus próprios antigamentes.
Achei perfeito, sutil, boa alusão ao antigamente.
ResponderExcluirObrigado Danieli! Continue acompanhando... ainda virão muitos outros!
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