Flor de Pus
Ah, flor de pus, odorífera flor macilenta,
Quantas horas passei por seguidas madrugadas,
Sugando a seiva de suas pétalas enrugadas,
A seiva que pingava, esbranquiçada, lenta.
Ah, flor de pus, impassível flor defunta,
Quanto mais eu entre teus braços estreitos,
Mais se aprofundava o teu pus em meu peito,
A ponto de sermos uma só morte, junta.
E eu, formidável flor, das flores a mais extrema,
Eu que admirava as tuas gotas como quem,
Admirava pedras preciosas, preciosíssimas gemas.
Agora, flor, que sei o veneno que destilas tanto,
Espero que nem eu, nem mais outro alguém,
Busque em teu caule seco o engodo do acalanto.
Essa semana vi uma reportagem que dizia que poesia é sempre algo que fala de coisas boas e bonitas. Claro que esta pessoa nunca lera Augusto dos Anjos ou Társis Nametala Jorge...
ResponderExcluirOi Dani, fico lisonjeado com a comparação, embora saiba que sequer chego perto daquele gênio da poesia brasileira.
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