A Minha Morte
Ao som do quarteto para cordas em si menor, de Barber.
Figura esguia, esquelética, à mostra a calva,
Recoberta por negros panos, em farrapos,
Lembrando, estes, rotos e velhos guardanapos,
E a cabeça esbranquiçada como a lua alva.
Dedos ósseos, compridos, nus, sem as unhas,
Dos olhos só se vêem as cavidades, sem glóbulos,
Boca descarnada, pronta para o derradeiro óbolo,
Em um momento que eu sequer supunha.
Seu abraço é frio, é congelante como a neve,
É escuro também, traz uma névoa trevosa,
E um frênesi corre minhas terminações nervosas!
Seu reinado é longo, o da vida, é tão breve,
Finalmente encontrei minha derradeira consorte,
Neste abraço, neste beijo fatal, da minha morte.